quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Faça em casa deliciosa esfiha aberta

Alini Fuloni

Não ficará como a de uma grande rede de fast food, mas você irá arrancar elogios com esta prática receita de esfiha aberta, além de ter a próxima satisfação de oferecer um salgado feito por suas próprias mãos. Serão necessárias quase duas horas de preparo e rende até 15 unidades. Você também pode variar no recheio, como frango e catupiry, calabreza e quatro queijos. Confira.

Massa de esfiha aberta

(Foto - AFuloni)
O que precisa

Massa

1 sachê de fermento biológico seco
200 ml de água
½ xícara de chá de óleo
500 g de farinha de trigo
1 colher de sobremesa de sal
1 colher de sopa de açúcar

Recheio

500 g carne moída
Tomate em cubos sem semente
Cebola em cubos
Cheiro verde
Suco de dois limões
Sal a gosto

• Misture bem todos os ingredientes e acrescente o limão. Deixe descansar por uns 20 minutos.

Como fazer

• Coloque num recipiente todos os ingredientes da massa e amasse bem. Divida em bolinhas. Deixe descansar por 20 minutos.

• Abra a massa a partir do centro, deixando as bordas. Coloque recheio. Deixe crescer por 30 minutos em forma untada com azeite e fubá. Leve ao forno preaquecido a 180 graus e asse por meia hora ou até ficar dourada. Bom apetite!


Coluna Mais Sabor, publicada na edição de 6 de setembro de 2014, no jornal acidade, de Monte Azul e região. Assine já: (17) 3361-2610.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

“Sou responsável por aquilo que falo e não pelo que as pessoas acham e entendem”

Padre Sebastião avalia os seis anos em que está em Monte Azul e pede mais união para uma cidade melhor

Alini Fuloni

Foi numa rápida conversa, sentados na mureta da fonte da Praça Rio Branco, que o pároco Sebastião Vicente desabafou ao acidade no final da tarde de quarta-feira, 13. O objetivo inicial era de falar dos seis anos a frente da igreja católica de Monte Azul, mas padre Sebastião também respondeu a vários comentários que chegaram à redação nas últimas semanas.
Pe. Sebastião faz balanço de seu tempo em Monte Azul.
(Foto - AFuloni)
Em entrevista, padre Sebastião fala do aumento de fieis nas atividades religiosas e a necessidade dos gastos com a reforma da Matriz. Também avalia a Festa do Padroeiro deste ano e, inclusive, responde para quem disse que ele não aprova o evento pelo simples fato de a igreja se manter sozinha: “Não disse que é desnecessária. Então, o problema de Monte Azul é o tamanho da língua das pessoas, que têm algumas que vão precisar de dois caixões: um para o corpo e outro para a língua, dando dois trabalhos para a funerária”.
Entre os assuntos da Festa do Padroeiro, padre Sebastião também fala do absurdo de se levar mesas e cadeiras do evento, além daqueles que ocupam lugares com caixas de isopor, ou seja, sem consumir nada na festa. Outro assunto abordado é a demora nas entregas de pedidos de porções, explicando que poderia até aumentar o número de garçonetes, mas não de fritadeiras, já que a praça não comporta mais o tamanho da festa. Confira.

acidade – São seis anos em Monte Azul com reviravolta na igreja, ou seja, atraiu mais fieis para atividades religiosas, como procissões. Como avalia a atual igreja católica em Monte Azul?
Padre Sebastião Vicente – Quando chegamos, nossa tentativa foi justamente essa: resgatar aqueles que, de alguma forma, estavam afastados. Realmente, nesse período, muitas pessoas voltaram a participar mais ativamente da igreja. Tínhamos a média de 50 agentes de pastoral, ou seja, que estão mais a frente, como catequistas, ministros da Eucaristia, coroinhas e acólitos. Hoje, esse número chega a 300 - mais ou menos. Nesse sentido, damos encaminhamento a um trabalho que não irá ser resolvido de uma hora para outra, mas, acima de tudo, resgatar as pessoas para maior vivência com Deus e a espiritualidade. E essas que conseguem viver isso, certamente são melhores cidadãos, em casa com sua família, no trabalho, na escola e no lazer.

As capelas também foram diferenciais neste período, como a revitalização na São Francisco, a São Judas que caminha na construção para atender a comunidade, assim como a Santa Luzia, no Baraldi. Estes investimentos representam a expansão da igreja católica ao invés de focar somente na Matriz?
A questão maior é justamente essa. Em 2007, em Aparecida, houve encontro dos bispos da América Latina e do Caribe para pensar a igreja, como já teve em Medellín, na Colômbia, há um tempo, e lá o documento traz uma fala muito rara que a paróquia é uma rede de comunidades. Uma cidade como a nossa, precisa de, pelo menos, seis ou sete capelas. Já não há aquela vitalidade da população que tínhamos nas décadas de 1970 e 1980. Nosso número de idosos é muito maior e fica difícil deslocar de seu bairro para vir à igreja central, como é nossa Matriz. Então, as capelas não são uma expansão da igreja, mas para levar a igreja justamente a esses locais em que as pessoas estão e você também facilita a vida delas na espiritualidade, na vida da comunidade e da igreja.

Hoje, em Monte Azul, o maior número de fieis é composto por idosos?
Não. Temos parcela muito grande de jovens, de adultos – não vou dizer de meia idade, porque não sabemos qual é a de ninguém! Hoje, é bem eclética. Para você ter uma ideia, devemos ter 110 adolescentes e jovens que são acólitos e cerimoniários - meninos e meninas que ajudam no serviço do altar. Temos um grupo de jovens realmente muito bom e com grande participação. Hoje, nossa igreja é completa na presença de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Todos se ajudando mutuamente nesse caminhar para Deus.

“Nossa cidade é maravilhosa, nosso povo é muito bom, mas é preciso resgatar esse sentimento de ser cidadão, de ser monteazulense” – Pe. Sebastião.

E, desde sua chegada, comentou-se também do gasto excessivo com a reforma da Matriz. Qual sua opinião?
Não é questão de gasto excessivo, mas do que tem de ser feito. E nada é barato hoje em dia. Para você ter uma ideia: comprei as telhas da capela Santa Luzia, no bairro Baraldi, e custaram R$ 32 mil! Nada é barato. Agora, e se você vai cuidar de uma Matriz como essa, com sua história, porque não é uma igreja de 10 anos, mas que fará 100 anos em 2017 – a igreja como local de culto, paróquia é com mais tempo... Então, é algo que tem de ser bem feito para não precisar refazer daqui a 10 dias. Você tem que fazer um investimento em que pense mais para frente numa forma mais barata de manutenção. E tudo isso foi feito, além de pensar na economia, também nessa longevidade do que foi feito. Por exemplo: o piso da Matriz, se bem cuidado, irá durar 100 anos, porque é granito. E nada é barato. Quem está construindo sabe disso. Tem que segurar de todos os jeitos para qualquer reforminha que faz em sua casa. Então, pode ser barato? Não, mas está sendo feito da melhor forma e mais econômica possível.

Falta mais alguma coisa para fazer na Matriz?
Ao meu ver, faltam os dois altares laterais – o mor, todo em granito, já está pronto, e também os vitrais da janela, mas são passos a serem dados.

Faltaria também a climatização, a exemplo da Capela São Francisco?
Estudamos a melhor forma possível. É pensar em custo-benefício. Fala-se, por exemplo, de se colocar ar-condicionado. Seriam necessários 16 aparelhos de 80 mil Btus. Qual o consumo disso? Será que teríamos condições de manter? Então, estudamos a melhor forma, mas uma climatização será necessária e não temos dúvida.

Como estão as obras da capela Santa Luzia?
O telhado já está sendo colocado. Temos um sonho de lá para novembro ou dezembro começarmos a usá-la para as missas e encontros da comunidade.

Sobre a Festa do Padroeiro, qual sua avaliação?
Ficou bem menos cansativa com esses seis dias, também pela crise que passamos na região, um dos motivos de diminuir. Nossa tentativa nesses sete anos é de tentar transformá-la cada vez mais em uma festa que seja realmente das pastorais e das entidades e, a cada ano, damos passos neste sentido. Ao meu ver foi muito boa. Todos que vieram gostaram e teceram muitos elogios. Os probleminhas têm, por exemplo, é impossível você servir todo mundo na hora. Isso é impossível e não tem jeito por ser uma quantidade enorme de pessoas.

Uma das críticas foi justamente essa: a falta de garçonete e a demora de mais de uma hora para a entrega das porções. Qual foi o motivo?
É a quantidade de pessoas. Não tem jeito.
 
Padre Sebastião: “Aqueles que acham que precisa mudar, venham nos ajudar a fazer diferente. Precisamos de ajuda”. (Foto – AFuloni)
Por serem muitas ou da falta de voluntários?
Mesmo que tivéssemos mais voluntários seria impossível colocar mais fritadeiras ou outras coisas, mesmo porque não temos espaço para isso. Na realidade, nossa praça não tem mais espaço para comportar essa festa e, mesmo em qualquer outra quermesse que você vá, haverá certa demora quando é grande o movimento. E já sabe disso quem vai à quermesse. E a questão das garçonetes foi justamente a necessidade de cortar custos. No ano passado, foram R$ 25 mil só de garçonete. Onde você tira um lucro desse para poder pagar? Então, as pessoas não veem o custo que fica essa festa. Esse ano, já tendo diminuído bastante, começamos a festa devendo 70 mil reais. As pessoas acham que é só boa vontade. “Vamos fazer que as coisas caem do céu!”. Não é assim, não. Há responsabilidade financeira, de segurança, diante do poder público... Há vários tipos de responsabilidade que as pessoas não querem arcar e depois saem falando mal do padre. Venham ajudar, venham assumir a responsabilidade, venham assumir juntos. É fácil sentar numa praça ou esquina e falar mal. Venha comer o saco de sal junto. Venha fazer junto pelas entidades. Aí, aparecem poucos.

Também tem a questão de as pessoas chegarem com caixa de isopor com bebidas e ficarem nas mesas, ou seja, sem consumirem na festa. Este tipo de atitude prejudica o lucro da festa, que tem fim filantrópico?
Normalmente, não reparo muito nisso. As pessoas falam que tem quem traga coisas. Vai da consciência de cada um. Acho que estou fazendo minha parte. Não levo um tostão disso – apesar de as pessoas falarem que o dinheiro é do padre e, se fosse, estaria bom, mas não é; padre tem de prestar contas, recebe ajuda de custo de dois salários mínimos por mês. Então, não é do padre. Acho que vai da consciência de cada um. Para você ter uma ideia, todos os anos desaparecem mesas e cadeiras. As pessoas levam para casa...

E são locadas?
Sim, aí temos de pagar depois. A grande maioria das pessoas não tem consciência comunitária, vindo à festa somente como um meio de beber um pouquinho mais, de esticar o lazer, um entretenimento. Não consegue enxergar o que é feito além dessa festa. Aqueles que acham que precisa mudar, venham nos ajudar a fazer diferente. Precisamos de ajuda.

Qual sua opinião da Festa do Padroeiro?
Vou ser sincero com você. É uma festa que tomou um vulto muito grande, desnecessário, ao meu ver. Prefiro, por exemplo, a Festa Junina das Pastorais, que realizamos em julho. Foi um momento de lazer, de entretenimento, sem bebida alcoólica, sem confusão e tranquila. Para mim, tomou um vulto muito grande, mas é a festa da cidade. Tive de trabalhar no caixa por dois dias pela falta de voluntários e via as famílias sentadas e é isso que me anima um pouco a continuar. Quando você as vê sentadas, percebe que é um momento familiar para muitas, apesar de toda essa onda de violência que vivemos na região inteira. É uma festa que até hoje, graças a Deus, não gerou grandes complicações ou problemas. Então, o que anima é ver a família num momento de lazer e acho que não deveria ser tão grande. Mas aí é algo que foge até um pouquinho daquilo que eu acho, que muito deve ser feito.

Há comentário também de que teria dito que a Festa do Padroeiro é desnecessária, porque a igreja se mantém por si só. Tem fundamento?
Não, não. Não usei esse termo. É que as pessoas... Queria que você usasse essa frase: sou responsável por aquilo que falo e não pelo que as pessoas acham e entendem. Têm pessoas que não entendem nem desenhando. O que eu disse é: hoje, com a graça de Deus, a igreja não tem necessidade mais do dinheiro da festa para sua manutenção mensal ordinária – palavra que não significa uma coisa ruim. A igreja tem custos mensais que, antigamente, necessitava do resultado da festa para se pagar. Hoje, com a graça de Deus, com os católicos conscientes, o nosso dízimo e a nossa coleta conseguem manter esses custos. Não disse que é desnecessária. Então, o problema de Monte Azul é o tamanho da língua das pessoas, que têm algumas que vão precisar de dois caixões: um para o corpo e outro para a língua, dando dois trabalhos para a funerária.

“É fácil sentar numa praça ou esquina e falar mal. Venha comer o saco de sal junto. Venha fazer junto pelas entidades”.

Acredita que incomoda seu jeito de ser, por isso há tantos ‘diz que me disse’?
Vou ser muito sincero, como sempre fui. Tenho o pavio curto, brigo com qualquer um até com o papa se estiver certo, mas abaixo a cabeça para qualquer um se estiver errado. Então, esse é o meu jeito de ser. E falo o que tenho de falar. Você me conhece e sou assim desde que cheguei. E eu faço, não falo só, não, e isso talvez incomode aqueles que só olham e olham, mas não têm coragem de fazer. Talvez seja isso, não sei. Aí, fica da consciência de cada um.

Considerações finais.
Olha, nossa cidade é maravilhosa e já disse isso para diversas pessoas, inclusive para você, e repito: Monte Azul tem um povo com coração do tamanho do mundo, que tem tudo para ser boa para todos. Graças a Deus, estamos há sete anos caminhando e notamos pessoas que realmente são apaixonadas e querem fazer dessa cidade um lugar melhor. E são com essas pessoas que temos de contar. Então, nossa cidade é maravilhosa, nosso povo é muito bom, mas é preciso resgatar esse sentimento de ser cidadão, de ser monteazulense. Aí, alguém pode dizer que nem sou daqui. Onde estou é minha terra, tanto que até recebi um Título de Cidadão Monteazulense –agradeço o vereador da época pela gentileza, porque sou apaixonado por onde estou. Amo essa cidade e é triste perceber que, às vezes, pessoas de fora amam mais que as daqui. Poderíamos nos unir mais para fazer uma cidade melhor ao invés de ficar falando daquilo que não sabe e não entende.

Em nossa primeira entrevista, há seis anos, disse exatamente isso: de se gostar de onde está...
Exato. Aprendi isso. Sou cidadão do mundo, filho de Deus. Nasci nesta terra e não gosto muito de fronteiras – não que não devam existir, mas muitas vezes afastam as pessoas. Prefiro dizer que somos cidadãos do mundo e, como tal, temos de fazer um mundo melhor. Se você vive num mundo dentro de Monte Azul, faça Monte Azul melhor que fará o seu mundo melhor.


Matéria publicada na edição de 16 de agosto de 2014, no jornal acidade, de Monte Azul e região. Assine já: (17) 3361-2610.