terça-feira, 8 de novembro de 2011

A VOLTA DAS SERENATAS COM MODAS DE VIOLA

Todo início de noite, Pernambuco volta às raízes com canções sertanejas

____Alini Fuloni
Jornal acidade, Monte Azul Pta.
A serenata, um dos atos mais antigos de declaração de afeto, parece não ter fim para Cícero Paulo dos Santos, o Pernambuco. A cantoria feita embaixo da janela que emocionava de jovens a idosos que chegavam a considerar um dos melhores presentes, dá vez a um banco de madeira instalado na varanda da casa, na Rua 7 de setembro.
Ao som de Casa de Caboclo, de Rick e Renner, na terça-feira, às 11h30, já era possível ouvir Pernambuco e seu violão enquanto a esposa Cristina Giolo finalizava o almoço. “Ele faz as serenatas mesmo! Têm muitas músicas que gosto. Ao vivo é bem melhor!”, enaltece Cristina em comparação aos casais que pedem músicas em programas de rádio.
Foi nesse pique de descontração que o casal recebeu o acidade, embora Pernambuco tenha demonstrado ser tímido frente ao gravador, mas não para quem acompanha suas apresentações diárias. “Não sei ficar parado. E logo no almoço pego o violão para me distrair”, diz Pernambuco, que é mecânico na Coopercitrus de Monte Azul Paulista.
Assim que chega do serviço volta a pegar o violão, mas desta vez a plateia é quem passa pela rua e vizinhos. “É muita música, mas gosto muito de Amargurado, de Tião Carreiro e Pardinho. Não penso em gravar CD. Canto para mim, para minha esposa... Assim vou levando a vida”, afirma o cantor amador. Em churrascos e festas de amigos ele pode ser contratado pelo (17) 9753-5025. Mas Pernambuco já avisa: “também não sou aquele cantor que você está pensando, viu!”, brinca.
Pernambuco nasceu e morou por bom tempo em pequeno sítio dos avós, quando começou a trabalhar na roça. “Fui uma criança pobre, mas me divertia muito. Costumava pescar, nadar e andar a cavalo. Depois de algum tempo fui morar em outras fazendas trabalhando na colheita de laranja e café até aprender o ofício de mecânico”, recorda.

______________
PAIXÃO ANTIGA

Desde pequeno Pernambuco aprecia belas cantigas e a famosa moda de viola que era transmitida na rádio. “Suas letras me encantam. Se prestarmos atenção terá um sentido para cada pessoa que a escuta”, diz.
O mecânico praticamente aprendeu a tocar sozinho o violão, mas com o auxílio de livros musicais que ensinam as notas. “Tudo começou em casa. Apesar de um dia inteiro na roça, meus pais chegavam sempre alegres e cantavam algumas modas caipiras. Fui tomando gosto pela música e decidi que aprenderia a tocar violão”, conta.