segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Organização pode incentivar suco de laranja

Fruta poderia ser ofertada no comércio regional, inclusive às prefeituras

Alini Fuloni
Jornal acidade, Monte Azul e região

Ainda é utopia a união de produtores rurais para o fornecimento da laranja às prefeituras da região. Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento Rural Regional de Barretos, Emerson Fachini, também presidente do ATDA (Aporte Técnico para Desenvolvimento Agrícola), de Monte Azul Paulista, a organização do setor poderia facilitar o acesso da fruta para a inserção de suco natural na merenda escolar. Confira.

acidade - Há expectativa para a inserção do suco de laranja na merenda escolar de Monte Azul, até por incentivo em mobilizações realizadas pelo ATDA?
Emerson Fachini - Tem hora que você começa a cansar de tanto falar. Esse é um dos maiores problemas brasileiros: não consumir o suco. Não que o mercado interna vá resolver a situação, mas tem potencial muito alto...

Mas o suco de laranja ainda é caro em comparação com refrigerante. Embora o suco seja mais saudável, a família vai optar pelo mais barato.
São essas coisas que tentamos explicar. Se você colocar um copo de suco a R$ 4, não fala a realidade do produtor. Se fizer todas as conversões, essa caixa vai custar R$ 130, e como se fala neste valor com o produtor vendendo a R$ 6? Alguma coisa está errada e é isso que falo que o setor não se organizou.

Vocês pretendem conversar na prefeitura para unir os produtores?
Têm algumas organizações que já foram feitas para tentar colocar esse suco na merenda. Toda hora que você vai falar têm muitos empecilhos. Todo mundo fala que a máquina está aí para ser feito, isso em todas as cidades, e não sei qual o processo que isso não consegue colar por mais que você fale ou faça movimentos. Não vai conseguir sem mobilização de quem produz – que é o mais interessado em todo o processo. Tem que ter mais gente se organizando e fazendo. Todos têm que se envolver em prol da citricultura, que gera renda, trabalho e várias situações positivas para uma prefeitura, o que é muito importante. Nem tem o que se discutir em ter suco de laranja na merenda de toda a região. Não iria resolver o problema, mas colocaria muita fruta neste processo.

Monte Azul tinha um agricultor que era muito focado na citricultura da Flórida. Inclusive, enquanto outros não investiam na laranja, ele acompanhava e ganhou muito dinheiro com isso. Os produtores podem mesmo se espelhar na citricultura de fora?
Não é questão de se espalhar. Hoje, você trabalha num mundo globalizado e qualquer espirro do outro lado do mundo será sentido aqui, porque tudo está muito conectado. Qualquer negócio que você tenha, menos impacto terá ao ter o máximo de informação. Se você vislumbrar algo internacional que é muito bom, pode ganhar muito dinheiro. Se for algo que pode dar algum problema e você estiver conectado, a tendência é perder pouco dinheiro. Será muito importante quanto mais você se informar no negócio como um todo, não só na parte técnica, mas comercial e marketing, para você desenvolver todo o seu processo.

Recentemente, produtores de Taquaritinga foram à Brasília para solicitar melhorias e apoio na citricultura. Como está o movimento em Monte Azul, que já participou em anos anteriores deste tipo de manifestação?
Na viagem à Flórida com o ATDA, um produtor americano me disse que era engraçado a diferença do país com o Brasil, porque lá é muito diferente a metodologia de colocar preço na produção. Acho muito complicada a maneira de como chegou a esta situação. Tivemos várias crises e a questão de mobilizações chegava ao auge, mas foi perdendo a força. É de grande importância quando você sai para alguma discussão, como está sendo feita. Monte Azul não tem um movimento muito pesado em cima disso. Acho que Taquaritinga, por ter pequenos e médios produtores e alguns não têm contrato, se mobilizam porque querem ficar no negócio. E em Monte Azul, muita gente já migrou para outras culturas. Hoje, são poucas pessoas se mobilizando o que, teoricamente, há 20 anos, tinham muitas na citricultura, mas poucas se dispunham a tentar organizar o setor. A indústria fez isso muito bem, se organizou, fez todo o processo e a parte produtiva não caminhou junto com a indústria – não por falta de produtividade, mas de organização. Hoje, pagamos tudo o que não foi feito no passado.

Qual a expectativa da citricultura regional para 2013?
Acredito que hoje é uma incógnita. Têm alguns preços que estão girando, como foi falado, a indústria não se mobilizou a comprar fruta de quem não está contratado. Uma coisa que aconteceu e não foi bom para os produtores: uma indústria comprou muita laranja em dezembro, janeiro e fevereiro. Enfim, eles iam perder fruta, mas esta indústria comprou as de qualidade – pêra rio, valência e natal – por um preço muito baixo, porque o governo subsidiou uma parte, teoricamente algumas não, já que o produtor não conseguiu receber por toda burocracia que tinha. Então, a indústria comprou fruta barata, conseguiu aumentar o estoque e este ano, na verdade, é uma incógnita. Tem quebra de safra que, teoricamente, teria que afetar isso na produção e a indústria já deveria começar a tentar, mas até agora não estão se mobilizando. Não tem como saber o que vai acontecer, porque não se sabe se é jogo de mercado ou realidade. Têm dados liberados por vários órgãos e, às vezes, se confrontam e você não sabe em quem acredita. E aí você fica à mercê dos acontecimentos.

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